sexta-feira, 21 de maio de 2010

O professor politizador

Durante um ano eleitoral as discussões acerca de política tornam-se mais frequentes em praticamente todos os âmbitos, e essa semana não foi diferente. Em um chat com alguns amigos surgiu o tema “assistencialismo”. Debatemos muito acerca disso, expressamos opiniões, argumentamos – cada um defendendo seu ponto de vista – e depois de vários posts chegamos a um consenso a respeito. Uma minoria da população no geral tem esse tipo de conversa.


Essa conversa – ou debate – me remeteu ao seguinte questionamento: os professores tem formado alunos politizados?


Quando pensei nisso, vários flashs do meu Ensino Fundamental e Médio vieram à tona e lembro, com bastante clareza, de ter aparecido o assunto “política” através de comentários soltos de alguns professores. Mas não é a isso que me refiro. Essa informalidade no assunto não é politizar. Lembro claramente de professores defendendo alguns partidos – normalmente os opostos ao governo então vigente, de ver alguns apoiando e até mesmo incitando greves, assim como outros totalmente contra, lembro também de professores que valorizavam o voto e, no Ensino Médio, mencionavam constantemente o assunto, assim como havia outros que diziam que o voto era utopia e nunca mudaria nada. Enfim, o assunto sempre permeou minha educação, mas nunca, absolutamente em situação nenhuma foi discutido de forma concreta, objetiva e direta. O que me questiono com tudo isso é se, no contexto atual, continuo reproduzindo a prática pedagógica que presenciei, ou se politizo meus alunos.

Ao conversar com adolescentes, poucos tem noção da importância do voto, da consequência de não votar, de como temos que conhecer os candidatos em que votamos, do que esse candidato representa, enfim, da prática da democracia. E não me refiro apenas às eleições presidenciais. Eleger o diretor da escola, presidente da APP, comissão da Associação de Moradores, é tão importante quanto um presidente.


Ao pensar em tudo isso me pergunto: qual é o melhor lugar para promover essa discussão do que a escola? Com tudo, existe um porém: os professores estão devidamente preparados para promover essa discussão? Esse questionamento é pensando que, em um ambiente escolar, o professor como ser mediador precisa ser imparcial, não exercendo sua posição de docente para influenciar as decisões ou convicções do aluno. Se este se obtivesse das suas opiniões pessoais e mediasse um debate de prós e contras, aconteceria um ato de politização e cidadania que, convenhamos, é incomum nas nossas escolas.


Não falo tudo isso como crítica apenas, e sim como uma observação para que nossos adolescentes e jovens tenham mais instrução e esclarecimento do seu papel político na sociedade.

Um comentário :