quarta-feira, 29 de setembro de 2010

E aos meus pais, PARABÉNS!!

Gostaria de pedir linceça para alguém que esteja lendo, pois hoje não escreverei nada relacionado à educação. Hoje quero dar os parabéns aos meus pais, que essa semana completaram 27 anos de uma união linda, concreta e cheia de amor. Por isso, postarei um texto que escrevi há algum tempo declarando o meu amor por eles da forma mais sincera e clara que consegui expressar:

"Os anos passam e só então percebemos a real importância das coisas, ou melhor, o seu real significado.

Sabe aquelas situações que parecem absurdamente banais ao ponto de não receberem destaque na sua rotina, mas que quando – por um motivo ou outro – você tem que abrir mão, fazem uma inexplicável falta? Pois bem, é sobre isso que quero escrever.



As pessoas que me fazem mais falta hoje, sem dúvida nenhuma, são meus pais. Mas isso não quer dizer que eu tenha deixado de aproveitar momentos com eles e me arrependa. Muito pelo contrário, aproveitei o máximo que pude, e talvez por isso a saudade.



Eu trabalhava na mesma empresa que a minha mãe, porém, em unidade diferente. De uns anos pra cá, mais exatamente até março de 2009, estávamos trabalhando na mesma unidade, logo, isso me possibilitava a oportunidade rara de desfrutar da sua companhia o tempo todo. Muitas pessoas perguntavam se não era complicada essa rotina de estar com a mãe vinte e quatro horas por dia, mas nós temos um relacionamento tão ímpar que era um prazer imenso. Ríamos, mas ríamos tanto, ríamos sempre e de tudo. Discutíamos também, pois temos opiniões diferentes pra muita coisa, mas no final da história o consenso acontecia. Passávamos em algum lugar comer bastante besteira quando o dia era muito estressante, e ríamos disso também. Na volta pra casa, cansadas – exaustas pra falar a verdade – falávamos muita besteira, fofocávamos sobre o dia – um veneninho bem básico – fazíamos planos, enfim, o caminho pra casa era o momento de bate papo. Quase chegando acontecia todo o ritual: eu me esticava pra pegar a bolsa no banco de trás do carro, encontrava a chave e o controle do portão, ia abrindo a casa enquanto ela estacionava o carro, ligava a televisão e esperava meu pai pra tomar chimarrão.



Quando o pai chegava nossa atenção era toda dele. Ele esbravejava sobre o dia transcorrido – meu pai tem um trabalho cansativo e estressante também – falava besteira, mas principalmente, adorava pegar no pé da mãe. Com meu pai eu passava apenas essas horas entre o final da tarde e o começo da noite. Mas nesse meio tempo, em alguns anos, conseguimos recuperar momentos que a vida nos tirou durante muito tempo, por um ou outro motivo que nos afastaram e que agora não passam de um passado muito distante. Meu pai, assim como minha mãe, é uma pessoa ímpar, impossível de não amar e admirar.



Falando em características, é impressionante como duas pessoas tão diferentes puderam construir uma relação tão íntegra, sólida e cheia de amor.



Minha mãe é uma pessoa extrovertida, que adora pagar mico, não tem vergonha de ser feliz, de dizer que não sabe, de falar besteira. É, definitivamente, uma das pessoas mais espontâneas que conheço. Luta demais pelo que quer, e normalmente consegue, mesmo que seja a longo prazo. Meu pai é a parte séria da relação, é uma pessoa muito preocupada, mas muito brincalhona também. É rápido em respostas, principalmente se for pra tirar algum sarrinho da minha mãe. É muito objetivo, batalhador, e tem um jeito particular de mostrar carinho – faz isso dando conselhos e falando da vida. Mas eles também tem coisas em comum: são guerreiros, fortes, trabalhadores, e me amam da forma mais pura e simples.



Estão comigo o tempo todo, mesmo que seja só em pensamento. Sempre me lembro dos dois pra tomar alguma decisão, às vezes até pra falar alguma coisa em uma conversa. Volta e meia me vejo contando histórias da minha infância – que por sinal foi linda – com um saudosismo que surpreende até mesmo a mim.



Hoje me peguei olhando fotos, e relembrando momentos que estavam bem guardados no baú das minhas memórias. Lembrei de quando falei da possibilidade de morar longe deles, da expressão em seus olhos, da preocupação, dos desejos de felicidade, e da saudade que já começou a acontecer naquele momento.



Do dia que a viagem estava marcada até a data de saída, foi um aproveitamento incrível de momentos. Tudo que acontecia era extremamente importante. Não que antes não fosse, mas é que nada mais nos passava despercebido. Lembro de quando minha mãe me disse que não sabia mais o que faria na volta do trabalho quando estivesse sozinha no carro. Eu dei risada e desviei o assunto, brinquei, mas tudo isso foi pra não deixar que ela percebesse que eu também não sabia o que faria longe dela. Não nos deixamos abater, mas cada uma de um jeito sofre com a falta.



Meu pai, como sempre, demonstrou o seu sentimento através da preocupação. No dia da minha partida me chamou pra conversar. Falou da vida, mas de uma forma mais profunda que a normal. Aconselhou-me a ser uma boa esposa – sim, foi por isso que fui embora – e me falou das dificuldades de um casamento, mas que todas elas valem à pena. Disse que estaria sempre ali, no mesmo lugar caso eu precisasse, e mesmo que eu soubesse que ele estaria, foi inexplicavelmente bom ouvir aquilo. Não consegui segurar o choro quando ele falou... Abraçamos-nos, e aquele momento parecia não acabar nunca mais.



O momento do embarque que me traria para Porto Alegre foi um dos mais difíceis da minha vida. Não foi ruim, só foi difícil. Eu já estava com um nó na garganta antes da partida. Não queria chorar, porque o choro deixa uma impressão de tristeza, e definitivamente não era isso que eu queria. Esperamos o horário, embarcamos as malas e ficamos os três sem ação. Eu queria abraçá-los pra nunca mais soltar, queria trazê-los comigo, queria fazer qualquer coisa que não causasse afastamento.



Foi difícil soltá-los, chorei muito enquanto eles se seguravam e mantinham-se firmes e fortes. Fiquei olhando pela janela enquanto me afastava, pensando no grande passo que estava prestes a dar. Não que eu não tivesse pensado antes, claro que tinha, mas no momento em que as coisas estão se realizando é que medimos sua real grandeza. Eu não sabia ao certo quando os veria de novo, mas sabia que não seria assim que amanhecesse; que não nos diríamos bom dia com abraços e beijos, que não brincaríamos um com o outro ao anoitecer, enfim, que essas coisas corriqueiras – que percebi serem especiais – não aconteceriam mais como antes. Mal dormi a viagem toda, e pensei muito em tudo. Em momento algum deixei de achar que valia a pena. Mas, repito, foi um momento muito difícil.



Hoje, depois de passados mais de um ano e meio, a saudade só aumenta. É uma saudade calma, serena, mas que em alguns dias se revolta e resolve tomar conta de mim. Agora, nesse exato momento, queria poder estar sentada no sofá da sala, tomando um chimarrão, falando dos planos da semana, rindo, enfim, com eles.



O motivo que me fez deixá-los é de igual valor. Foi pelo amor da minha vida. Algumas pessoas recebem a dádiva de poder ter esses dois amores sempre perto. Eu tive que optar. Fiquei um tempo muito longo longe de um, agora estou longe de outro, mas é assim que a vida tem que ser. É feita de escolhas e sei que a minha foi a correta. De forma alguma quem quer que esteja lendo isso agora, pense que me considero uma pessoa injustiçada por não ter recebido a dádiva que escrevi anteriormente. Eu recebi uma maior, por mais que não possa ficar perto dos meus dois amores, os tenho da forma mais completa que uma pessoa pode ter. Sempre os tive. Enquanto estava com meus pais, era amada por eles e pelo meu então namorado, que estava longe, mas sempre comigo. Hoje sou amada pelo meu marido, mais do que imaginei que seria, mas sinto a todo instante o amor dos meus pais quase como se fosse concreto, de tão forte.



Quando ouço suas vozes no telefone ou leio algum e-mail, é como se estivéssemos sentados juntos, conversando, como sempre fizemos..."

Pai, mãe, parabéns e obrigada por serem quem são.


Eu amo vocês!!!

Um comentário :

  1. Meu Deus filha, não tinha lido essa homenagem... Detalhe que estou lendo em voz alta e próximo da vó, vô, bisa, tia Emilia. O pai só não está aqui por ter saído comprar algumas coisas! Chegou e pedi para lesse depois, pois não conseguiria teminar de ler. Chorei, ri, repirei fundo e continuei a ler. Não foi fácil, mas extremaente importante chegar ao final e mais uma vez certificar que você é demais filhA! Dizer do orgulho que temos de ti só por ser nossa filha torna-se redundante. Mas dizer que a amamos por saber como ninguém expressar-se humanamente BOA,emotiva, inteligente, expressiva, filha,irmã, esposa, pessoa, profissional, sabedoura do que quer para si, correta em suas ações, crítica e cobrar da sociedade seres críticos para que nosso mundo mude - não amanhã e sim hoje, nos torna pessoas muito melhor. Pois a temos como FILHA. Temos a ti e ao Rafa, o que para nós já valeu a pena nossa passagem na terra!!
    Te amamos muuuiiiiiiiiito!
    Detalhe que enquanto liamos, a vó, vô, bisa e tia Emilia expressavam o orgulho em tê-la como neta e sobrinha e admirados de como consegue ter opiniões reais, politizadas e acima de tudo, dizendo que você também é deles!!!!

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