quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Bullying. A hora de falar é agora. Fale você também.

Motivada por uma campanha interessantíssima promovida pelo programa global Altas Horas intitulada “Bullying. A hora de falar é agora. Fale você também.” quero escrever hoje sobre isso. Por ser um assunto recente, pouco se sabe ou se é divulgado a seu respeito, mas é um problema tão sério que precisa, imediatamente, virar pauta em toda e qualquer discussão educacional e social.

O bullying começou a ser pesquisado há aproximadamente 10 anos na Inglaterra, quando se constatou que o mesmo tipo de prática discriminatória e intimidadora estava por trás de grande parte das tentativas de suicídio entre adolescentes. Depois de iniciada, essa pesquisa percorreu o mundo e infelizmente constatou-se que acontece em todos os lugares de formas muito parecidas.

Bullying quer dizer, de forma geral, intimidação. Mas é muito importante não considerar apenas como uma palavra estrangeira que significa intimidação, mas sim identificar essa expressão como uma patologia social e a expressão da crescente violência escolar. As vítimas dessa prática são intimidadas, humilhadas, agredidas, enfim, aterrorizadas, e apesar de estar presente em qualquer ambiente e poder acontecer com qualquer pessoa, o local que mais acontece é na escola. Estudos da Abrapia (Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e Adolescência) revelam que aproximadamente 30% dos estudantes brasileiros já sofreram algum tipo de bullying.

Ele permeia dois universos, o do agressor; que é sempre uma pessoa ou grupo que se sente superior, e o da vitima; que normalmente tem baixa autoestima e é retraída tanto na escola quanto no lar. Pode acontecer de diversas formas, desde boatos espalhados ridicularizando a vítima, agressões verbais, ameaças, exclusão social, até a violência propriamente dita.


E com a febre crescente de sites de relacionamentos e redes sociais, o cyberbullying tem crescido de maneira assustadora. Essa agressão se dá na internet, normalmente em forma de difamação ou incitação de violência. Um caso muito falado na época das eleições foi bullying não com uma pessoa, e sim com um grupo: o caso da estudante de direito que declarou “faça um bem a São Paulo, mate um nordestino”.

Como o principal local é a escola, os professores e a coordenação tem papel fundamental no controle severo dessa prática abominável. Na Inglaterra e nos Estados Unidos, muitos pais de vítimas processaram as famílias dos agressores e a escola, por não ter evitado ou denunciado a prática, e isso fez com que as instituições se tornassem extremamente severas e intolerantes com qualquer indício de bullying.


As conseqüências dessa prática são muito sérias, e apesar da maioria das pessoas associar isso aos assassinatos em massa seguidos de suicídios nas escolas ou suicídios adolescentes propriamente ditos, esse não é o pior problema. Explico: as tragédias noticiadas acontecem com uma minoria ínfima de vítimas. É horrível? Claro que sim, mas para cada suicida existem milhões de pessoas que sofrem caladas, e esse é o maior problema. Dificilmente uma vítima de bullying denuncia ou se manifesta de qualquer forma, alimentando assim o sentimento de desespero crescente. A consequência disso é o indivíduo se tornar cada vez mais introspectivo, fechado, omisso, depressivo, enfim, é praticamente como ceifar uma vida.

Infelizmente, como tudo que é relativamente novo, o bullying não tem uma legislação específica que o condene. Alguns estados, como o Rio de Janeiro, já esboçaram normativas punitivas a quem pratica, no entanto não há nada presente, por exemplo, na Constituição, a não ser a adequação de leis que defendem a integridade do ser humano, a garantia do seu bem estar, assim por diante.


É preciso que a sociedade como um todo mas principalmente nós, professores, nos tornemos cada vez mais sabedores de como constatar o bullying, denunciar o agressor e respaldar a vítima, para que essa violência não vire uma epidemia e seja passada de geração em geração, em um mundo onde a vítima de hoje é o algoz de amanhã.

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